Estou gostando mais do que eu deveria dessa vibe de falar de coisas ruins no blog. Mas bom, eu preciso dar vasão a esses sentimentos e pensamentos que eu tenho - enquanto não tomo vergonha na minha cara e retomo a terapia,
risos.
Ultimamente eu ando me sentindo deslocada. Muito em função das pessoas que me rodeiam no meu trabalho, que têm uma realidade e uma forma de ver o mundo muito diferente da minha. Não me sinto adulta o suficiente, e não me sinto bem o suficiente pra me enturmar com pessoas mais novas. Tenho uma sensação constante de que eu estou perdendo meu tempo inutilmente, que eu deveria estar saindo todo final de semana, namorando, indo em bares e "altos rolês", mas eu só queria postar no meu blog, comprar enfeites de natal e dormir 8h por noite. Eu quero ter amigos de anos com quem eu posso ir num café tomar qualquer coisa que não seja café, e ter apoio mútuo, e ter interesses em comum, e jogar conversa fora descontraidamente.
A realidade é que eu estou me afastando cada vez mais das pessoas, mas eu me afasto das pessoas quando elas me magoam e acho meio estúpido estar triste com isso. Porque eu não quero mais ficar perto de gente que me magoa, que me desrespeita e que faz eu me sentir deslocada, mas agora eu estou sozinha e pela primeira vez em anos estar sozinha está se traduzindo em
solitária. Eu não tenho com quem conversar, com quem contar, e embora eu tenha pensado em retomar a psicoterapia eu não consigo me livrar da vozinha da minha cabeça que diz:
o quão patético é precisar pagar pra ter 1 pessoa com quem conversar?
Pois é. Talvez eu seja patética mesmo, mas vou fazer o quê, né? Seguir vivendo uma vida patética.
O problema é que essa percepção oscila muito. Em alguns momentos eu me sinto patética, em outros eu me dou conta de que as pessoas do meu trabalho são imaturas, não sabem separar o pessoal do profissional e eu não entender as mil piadinhas internas e comportamentos anti-profissionais delas é o mínimo do bom-senso.
Percebo, por exemplo, que não há mal nenhum em não perdoar de pronto ou não correr atrás de uma amiga de anos que ignorou completamente a minha existência por mais de um mês, porque "a vida tá muito corrida" e em 30+ dias ela não pôde desprender de 2 minutos pra responder uma mensagem minha no whatsApp - e que vir me pedir desculpas por me deixar "falando sozinha" depois de "ter uma conversa sobre linguagens do amor" não é o mínimo.
Que eu não preciso ser boazinha com pessoas que não se dão ao trabalho de me ouvir, não respeitam meus limites, que lotam meus reels do instagram com coisas que não me divertem e me usam de 'pinico das tristezas' quando me encontram, como se o rolê fosse uma sessão gratuita de psicoterapia.
Às vezes eu percebo o quão
exausta eu estou de algumas coisas e que está tudo bem em não querer mais estar nessas situações e relações. E infelizmente essa percepção oscila muito entre auto-cuidado e auto-depreciação: eu não sou boa comigo mesma o tempo todo, e não tenho alguém que possa ser bom pra mim quando estou nos meus maus momentos. Eu fico muito sensível, e muito frágil, e eu não sinto que alguém pode me acolher. Daí eu venho na internet e escrevo para o mundo - ou para as paredes, ou para as amigas virtuais, ou para o universo, sei lá.
Eu acho que só queria ser mais gentil comigo mesma, porque nem sempre as outras pessoas são. E às vezes eu me culpo por isso. Será que eu mereço esse descaso? Será que eu não tenho nenhuma importância? Será que eu sou assim tão insuportável, tão dispensável? Não tem nenhuma qualidade que faça valer os meus defeitos? O quão perfeita eu preciso ser pra valer a empatia das pessoas?
Não sei se tem resposta pra essas perguntas. Então eu sigo na dúvida, esperando que algum dia eu valha a pena pra mim mesma pelo menos.
Marcadores: pessoal; desabafo