Taí uma coisa que é muito criticada em mim, com razão, mas que eu não me vejo mudando em mim mesma. Seja uma situação, um conteúdo, uma rede social, ou mesmo pessoas:
eu me afasto do que não me faz bem. Sem drama, sem satisfação, só deixo para trás.
Isso porque eu sou muito tolerante, embora as pessoas não tenham essa visão de mim. Eu entendo que as situações nem sempre são ideais. Eu entendo que às vezes as pessoas me maltratam porque tiveram um dia ruim, porque estão numa má fase, porque estão com a saúde mental prejudicada. Que às vezese elas não têm tempo e energia pra mim, e que embora o mesmo valha pra mim e eu consiga priorizar e me dedicar àqueles que amo, eu preciso ser compreensiva em alguns momentos.
Mas ser tolerante não me faz apática. Eu tenho também os meus próprios perrengues, inseguranças, problemas. Eu também me canso de sempre ser a pessoa forte, que leva as coisas na esportiva, que sempre tem que consolar, dar apoio, ouvir os desabafos. Às vezes eu também quero colo, e eu não costumo encontrar nos outros. E aí eu preciso me perguntar porque eu estou tão exausta, exaurida, sentindo que a minha energia nunca se recarrega e preciso avaliar mais criticamente as pessoas, lugares e coisas à minha volta.
O que faz a manutenção do seu bem-estar?
Eu sou muito crítica, também. Meu passado com alguém pouco importa se no presente essa pessoa me faz mal. Eu coloco na balança, mas às vezes eu preciso olhar pra uma relação minha e perceber o quanto a outra pessoa quer depender de mim, e o quanto eu não posso contar com ela.
Ser psicóloga tem seus perrengues. Eu sou muito responsável com o quanto as minhas falas e atitudes podem afetar as outras pessoas, mas às vezes eu preciso aceitar que elas não têm o mesmo respeito. E que embora eu entenda muito de saúde mental e do quanto as minhas falas e atitudes afetam os outros, eu não sou psicoterapeuta de todo mundo. E quando eu percebo que algumas pessoas só me procuram quando elas precisam de mim, e não porque gostamos de dividir o nosso tempo de forma agradável, compartilhar coisas gostosas (e ruins também), eu preciso lembrar a mim mesma também que eu não sou a terapeuta dos outros. E que se as pessoas sugam a minha energia, se aproveitam da minha empatia e só me procuram quando estão em crise, está tudo bem em não corresponder. Eu não preciso abrir a porta e mandar a pessoa embora: eu posso só esperar a campainha parar de tocar. Em algum momento elas vão entender que eu não estou disponível, porque abrir a porta, o diálogo, e explicar todos os motivos pelos quais eu não vou receber alguém em casa também é investir meu tempo e energia nessa visita indesejada, e às vezes eu não tehoo esse tempo e energia. Agora, principalmente, eu definitivamente não tenho.
Eu me afasto das pessoas. Essa não é minha atitude mais nobre, mas é uma das que mais me preserva. E se as pessoas realmente me fazem a vilã da história por isso, então foi bom mesmo eu não ter atendido à porta. Toda relação é uma via de mão dupla, e eu não preciso criar uma discussão pra encerrar algo que não me faz bem. Às vezes, a gente precisa se dar o direito de levantar e ir embora.
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